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— Compilado de artigos por Jamie Wilson, The Guardian; CNN
Os pais [britânicos] de uma menina de 11 anos vão dar um passo extraordinário, submetendo-a ao implante de um microchip para que possam rastrear todos os seus movimentos, no caso de seqüestro.
Danielle Duval terá o dispositivo implantado em seu braço nos próximos meses. O chip miniatura enviará um sinal via rede celular para um computador, que poderá localizar a criança em um mapa eletrônico.
Os pais, Wendy e Paul Duval, disseram que a opção foi feita depois do seqüestro e assassinato das estudantes Holly Wells e Jessica Chapman. "Sei que nada é totalmente garantido, mas acreditamos que o microchip vai protegê-la muito mais", disse Wendy Duval.
A mãe não admitiu que a família esteja em pânico, disse que é apenas sensatez da parte dos pais usar a tecnologia disponível. "Se é possível rastrear um veículo roubado, por que não aplicar o mesmo princípio para encontrar crianças desaparecidas?".
O projetista do chip, Kevin Warwick, do departamento de cibernética da Universidade de Reading, reconhece que alguns pais possam abusar do sistema ou perderem a calma quando seus filhos chegarem tarde em casa, mas manteve que esse tipo de controle é o curso de ação acertado, à luz dos acontecimentos recentes. Ele conclama um debate urgente do governo sobre essa questão, e acredita que as autoridades devem considerar pôr implantes em todas as crianças.
Cientista de robótica, Warwick é um personagem polêmico na Grã-Bretanha. Tornou-se famoso depois de conectar seu próprio sistema nervoso a um computador, em uma experiência que, espera ele, possa permitir às pessoas paralíticas maior controle sobre seu corpo.
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Um punhado de VeriChips |
— Sherrie Gossett, WorldNetDaily
O “Anjo Digital” foi descrito como um microchip implantável que, uma vez inserido em uma pessoa, pode ser rastreado por GPS e transmitir informações sem o auxílio de fio para a Internet, revelando a localização do indivíduo, seus movimentos e sinais vitais, informações essas que podem ser armazenadas em uma base de dados para consulta futura. O chip, juntamente com uma outra versão não rastreável (o VeriChip), foi desenvolvido pela Applied Digital Solutions (ADS), empresa de Palm Beach, Flórida.
Lee Tien, chefe da equipe jurídica da Fundação Fronteira Eletrônica, é enfático ao falar que muitos especialistas vêem ameaças sérias nos implantes de chips em humanos. Segundo ele, os meios de comunicação não esclarecem as ameaças que o chip pode oferecer aos direitos individuais, assim como as deficiências de segurança inerentes ao sistema de entrega da tecnologia do Anjo Digital.
“A impressão que tenho é que a idéia de um implante causa admiração, algo do qual a mídia parece gostar” — disse Tien à WND. “Desde 11 de setembro, os jornalistas vêm ficando cada vez menos agressivos ao questionarem as implicações na privacidade dessas tecnologias e práticas.”
Richard Sullivan, presidente da ADS sugeriu que todos os estrangeiros recebam um chip fabricado por sua empresa ao entrarem nos Estados Unidos, substituindo assim os green cards. Mesmo que a ADS seja enfática ao dizer que pensa apenas em implantes voluntários, as aplicações sugeridas pela empresa indicam o oposto. O surpreendente leque de possíveis usos que a fabricante do chip agressivamente promove inclui o implante em prisioneiros, pessoas em liberdade condicional, em prisão domiciliar, crianças, idosos, funcionários de aeroportos, de usinas nucleares, proprietários de armas de fogo e usuários de computadores (uma forma de ID para logon). A empresa também antevê o nascimento de uma “sociedade sem dinheiro em espécie” a partir do implante de chips, que substituiriam os caixas eletrônicos e cartões de crédito. A ADS também quer controlar todas as bases de dados para todas as aplicações dos chips.
Tien enfatiza que uma vez que o chip seja “absorvido” pelo sistema carcerário, será difícil evitar que o uso involuntário se espalhe para outros segmentos da sociedade.
“Estamos muito preocupados com a aceitação do público. A idéia é: “Pois é, já existe, né? Fazer o quê?! Não deve ser tão ruim assim.’ Mas depois que a empresa instalar a versão limitada, passar para o rastreamento será mais fácil.”
Levando suas preocupações para um outro nível, Tien perguntou: “Como podemos saber que tipo de informações foram inseridas no chip? Aparentemente não é externamente programável, mas e se for ou vier a ser? É só para leitura ou permite gravação? E se permitir a entrada de dados remota, que tipo de informações serão gravadas?”
Com respeito ao fato de os protocolos de transmissão de dados sem fio e redes por radiofreqüência serem facilmente “seqüestrados”, Tien pergunta: “Quem eles estão dizendo que eu sou? Qual é a chance de alguém não autorizado enviar informações para o meu chip?” Tien fala da possibilidade da ação dos hackers que poderiam, por exemplo, armar uma situação para inserir as informações desse chip a um computador, e relacionar o respectivo número de identificação à cena de um crime. Equivale a dizer: ‘Encontramos o seu DNA no local do crime. Prove que você não estava lá’”, disse Tien.
Nathan Cochrane, do jornal australiano The Age, também andou pesquisando e explorando os vários abusos potenciais do chip. Cochrane resumiu um possível resultado do implante do chip rastreável como um sistema de identificação para acesso a redes de computadores promovido pela ADS: “Imagine um sistema de rastreamento que poderia dizer que você baixou música do Napster e lhe entregasse para a polícia local, revelando sua localização com uma possibilidade de erro de alguns metros.”
Num mundo onde exista o implante em massa dos chips como forma de identificação, dá para imaginar como seria importante obter informações de onde estava um certo rival político em uma certa noite, com quem, em que hotel e assim por diante. E, numa “sociedade sem dinheiro em espécie” como defende a ADS, seria possível saber, inclusive, o que esse adversário comprou. As informações do bio-sensor transmitidas e armazenadas pelos chips poderiam especificar inclusive a intensidade de seus batimentos cardíacos e a que grau chegou a temperatura do seu corpo.
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